segunda-feira, 21 de setembro de 2009

QUEIXUMES (Dueto Efigênia Coutinho e Manuel Jorge)

QUEIXUMES - I
(Efigênia Coutinho)

Versos apaixonados ao som duma lira
O amor, com doçura leva meu canto;
Pelos olhos azuis, que te desejam tanto
Derretendo o coração, soluça e suspira.

Audaz sonhadora, essa que aspira
Dos teus mimos, o sonho, a ventura,...
Infundi-me em extremos de ternura,
Sentimentos que ao tempo perdura.

Dizes para não amar! Eu clamo e amo,
Bradando lamentos, lágrimas derramo...
Onde deixaste os sonhos do amor?...

Contudo, em mim, o amor perdura
Ao celeste céu, por benignos lumes,
Amando, com ardor, teus queixumes.

Balneário Comburiu

QUEIXUMES - II
(Manuel Jorge Monteiro de Lima)

Dedilhada a Lira, o amor expressa
O canto platônico no calor de um ninho.
Que a Diva aspira e com verso começa
Tal um trinar aflito, de um passarinho.

O tempo que foi e não mais retorna.
O tempo que jaz e já foi vivido.
Que seja esquecido de alguma forma,
Escreva-se o presente, viva-se pra ser lido.

Viva-se o amor da eterna juventude,
Expandindo o Ser pra eternidade.
Façamos amor, magnífico e amiúde,
Nesta minha alcova que não tem idade.

Aninha no peito, com sofreguidão,
Ascende o amor, diz não à fantasia,
Pois o João de barro faz sua mansão
No Ipê florido à espera do dia.

Em que a feita de amor terá seu começo,
Vivido o momento de prazer indomável.
Alvoroçando as asas, virando do avesso,
Num momento sublime e indecifrável.

Alphaville, 17 de setembro de 2009